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A História da Argila na Arte e Artesanato

  • Foto do escritor: Paulo Cardoso
    Paulo Cardoso
  • há 11 minutos
  • 3 min de leitura
Mãos moldando argila


Da ancestralidade à contemporaneidade: a jornada de um material essencial para a expressão humana

Desde os primeiros passos da civilização humana, a argila esteve presente como ferramenta de criação, expressão e utilidade. Muito além de um simples recurso natural, esse material moldável carrega em sua história a trajetória de povos inteiros, refletindo culturas, rituais e o desenvolvimento das sociedades. Neste artigo, vamos explorar a importância histórica, social e cultural da argila na arte e no artesanato – da Antiguidade às práticas contemporâneas.


Origens milenares: as primeiras formas de expressão

A relação do ser humano com a argila é ancestral. Segundo o British Museum, os primeiros objetos moldados em argila datam de cerca de 24.000 a.C., como pequenas figuras de animais e figuras humanas conhecidas como "Vênus pré-históricas". Essas peças não apenas representavam símbolos religiosos e culturais, mas também marcavam o início do uso artístico do material.

Por volta de 10.000 a.C., com o surgimento das primeiras sociedades agrícolas no Crescente Fértil (atual região do Oriente Médio), a cerâmica passou a ter função prática, com a produção de vasos, potes e utensílios usados no armazenamento de alimentos e água.


Argila como expressão cultural nas civilizações antigas

As grandes civilizações antigas utilizavam a argila tanto para fins utilitários quanto artísticos:

  • Mesopotâmia: considerada o berço da civilização, foi lá que surgiu a escrita cuneiforme, gravada em tábuas de argila seca – um marco para a história da humanidade.

  • Egito antigo: utilizava a argila para produzir amuletos, vasos rituais e esculturas que acompanhavam os mortos em suas tumbas.

  • China: desenvolveu uma das mais refinadas tradições cerâmicas, com destaque para a famosa porcelana e as esculturas do Exército de Terracota, datado de 210 a.C., que representam guardiões funerários do imperador Qin Shi Huang.


  • Civilizações pré-colombianas, como os maias e os incas, também deixaram um legado artístico impressionante com esculturas cerâmicas que registravam deuses, guerreiros e cenas do cotidiano.


A argila na Idade Média e no Renascimento

Durante a Idade Média, o uso da cerâmica se manteve principalmente no campo da utilidade, mas com técnicas mais refinadas de esmaltação e pintura. Já no Renascimento, a arte europeia redescobriu os valores estéticos da antiguidade clássica, e a escultura em terracota ganhou espaço como meio de estudo anatômico e forma de expressão artística.


Técnicas modernas e a arte contemporânea

Com a Revolução Industrial, a produção cerâmica se expandiu para a indústria, mas a tradição artesanal e artística permaneceu viva. No século XX, artistas como Pablo Picasso e Joan Miró utilizaram a cerâmica como suporte artístico, integrando o material ao universo das artes plásticas.

Hoje, a argila é utilizada em diversas linguagens: escultura, design, arquitetura, instalações e até na arte conceitual. Artistas contemporâneos como Grayson Perry (Reino Unido) e Marta Longenecker (EUA) mostram como a cerâmica pode questionar questões sociais, culturais e políticas.


A importância cultural e social da argila

Mais do que um material, a argila representa uma ponte entre passado e presente. Segundo o artigo A cerâmica como patrimônio cultural, publicado na Revista Museologia e Patrimônio (UFRJ, 2020), a cerâmica é uma forma de preservação de saberes tradicionais e de resistência cultural, especialmente em comunidades indígenas e rurais do Brasil.

Além disso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconhece diversas manifestações cerâmicas brasileiras como patrimônio imaterial, reforçando o papel social da argila na identidade de um povo.

Conclusão

A história da argila é também a história da humanidade. Presente desde as primeiras manifestações artísticas até as expressões contemporâneas, esse material continua sendo símbolo de criatividade, ancestralidade e renovação.

Na Aligra, reconhecemos a importância dessa jornada e valorizamos cada aplicação da argila na construção de um mundo mais expressivo, sustentável e conectado com nossas raízes.



Fontes consultadas:



 
 
 

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